Dança – Contemporânea | Livre | 50min.

17 de março de 2023

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“Primeiro Tempo de Algo” é o trabalho mais recente do Coletivo nomeiodeparacom, criado durante a pandemia no ano de 2021 e conta com a direção do mexicano Carlos Castellanos. O espetáculo trata-se de uma pesquisa dançada, que parte das memórias da juventude do elenco e se desdobram em espaços simbólicos, ressignificações produzidas pelo Coletivo, na busca do compartilhamento de vivências de juventudes e da aprendizagem colaborativa e coletiva.

Essa criação é o encontro das investigações artísticas do Coletivo nomeiodeparacom com Carlos Castellanos. As pesquisas do Coletivo sobre as relações entre juventude e dança na busca por desenvolver dramaturgias do corpo nas artes da cena voltada ao público jovem entrelaça-se com o trabalho de Carlos Castellanos que está fundamentado em entremear o ritual cotidiano ao ritual sagrado com base em exercícios cênicos, que nascem de razões sociais e afetivas, partindo sempre da técnica teatral, da investigação antropológica aplicada à cena e da reflexão sobre nossas identidades. As pesquisas desses artistas constroem laços de uma complementaridade paradoxal em “Primeiro Tempo de Algo”. Geralmente se pensa o ritual relacionado a tradição, ao fixo, à norma, ao contínuo. Por outro lado, a noção de juventude, relaciona-se com algo transitório, passageiro, efêmero. Nessa perspectiva os ritos ligados à juventude são ritos de passagem, demarcadores de fronteiras entre fases da vida.

No mundo contemporâneo essas fronteiras se tornam cada vez mais híbridas e nubladas. Ritualizar esse corpo jovem, em um momento de liquidez de fronteiras, é um modo de diálogo e de problematização do olhar sobre a juventude no mundo contemporâneo. Ao investigar as memórias cotidianas, constroem uma gestualidade e um espaço de encontro do corpo de suas juventudes. Esse lugar, corpo, que habitamos. Um lugar onde somos, estamos e que nos aponta seus modos de ser e viver. A dramaturgia proposta no trabalho busca nos possibilitar conectar com uma dada condição juvenil e com o sentido desse tempo no agora. Nessa perspectiva, o trabalho cênico foi pensado para ser desenvolvido também sob essa condição do diálogo e dos encontros. Cada elenco criou 21 partituras corporais que se combinam e recombinam a cada apresentação para ser desenvolvido na rua, no espaço público em espaços alternativos e teatros, propondo diálogos entre espaços e passagens de nossas cidades, confluindo todos os elementos em um projeto de cena transitório e fixo ao mesmo tempo.